A morte do poeta Marcello Gama
■
Rio, 7/3/1915 — O poeta Possidonio Teixeira Machado
(Marcello Gama) recolhia-se hoje, á sua residencia, á rua Castro Alves, no
Meyer, ás 4 horas, em um bonde da linha do Engenho de Dentro. Passando pela esquina
da rua Bom Retiro, o bonde continuou galgando a rua
Luiz de Vasconcellos com
velocidade, alcançando o viaduto e fazendo a sinuosidade. Marcello Gama, que
modorrava, foi cuspido fóra do bonde, e, caindo sobre um dormente, pelo vão
deste, rolou pelo viaducto abaixo, de uma altura de dez metros sobre os trilhos
da estrada de ferro Central. Ficou elle
com o craneo fracturado e diversas
outras fracturas no corpo.
O bonde parou a grande distancia,
motorneiro, o conductor e alguns passageiros voltaram e levaram Marcello Gama,
quasi agonisante para a estação, sendo dahi conduzido pela Assistencia ao posto
central. Ao ser collocado sobre a mesa de operações falleceu. Por varios
sonetos assignados e por algumas cartas que tinha no bolso, foram verificadas a
sua identidade e a sua residencia.
A familia de Marcello Gama, que
ficou em extrema penuria, será socorrida por meio de uma subscripção que
ocorrerá entre a colonia rio-grandense aqui domiciliada. Os jornaes vespertinos
prestaram homenagem a Marcello Gama. A “Noticia” publicou o final de seu poema
“Noite de insomnia”. A “Noite” e a “Rua” estamparam o retrato do poeta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário