terça-feira, 10 de março de 2015

A morte do poeta Marcello Gama


A morte do poeta Marcello Gama
Rio, 7/3/1915 — O poeta Possidonio Teixeira Machado (Marcello Gama) recolhia-se hoje, á sua residencia, á rua Castro Alves, no Meyer, ás 4 horas, em um bonde da linha do Engenho de Dentro. Passando pela esquina da rua Bom Retiro, o bonde continuou galgando a rua
Luiz de Vasconcellos com velocidade, alcançando o viaduto e fazendo a sinuosidade. Marcello Gama, que modorrava, foi cuspido fóra do bonde, e, caindo sobre um dormente, pelo vão deste, rolou pelo viaducto abaixo, de uma altura de dez metros sobre os trilhos da estrada de ferro Central. Ficou  elle com o craneo  fracturado e diversas outras fracturas no corpo.
O bonde parou a grande distancia, motorneiro, o conductor e alguns passageiros voltaram e levaram Marcello Gama, quasi agonisante para a estação, sendo dahi conduzido pela Assistencia ao posto central. Ao ser collocado sobre a mesa de operações falleceu. Por varios sonetos assignados e por algumas cartas que tinha no bolso, foram verificadas a sua identidade e a sua residencia.
A familia de Marcello Gama, que ficou em extrema penuria, será socorrida por meio de uma subscripção que ocorrerá entre a colonia rio-grandense aqui domiciliada. Os jornaes vespertinos prestaram homenagem a Marcello Gama. A “Noticia” publicou o final de seu poema “Noite de insomnia”. A “Noite” e a “Rua” estamparam o retrato do poeta.

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